10 outubro 2010

Reflexão 28ª Domingo do Tempo Comum





No caminho da fé, a salvação para as lepras corporal e espiritual


Na liturgia deste fim de semana, a Igreja nos leva a refletir sobre a gratidão do povo, receptor de inúmeras bênçãos ao longo da história, para com Deus. Nas leituras deste 28° domingo do Tempo Comum, nos é apresentado a figura do sírio Naamã, curado de sua lepra após o ritual da época; além da famosa passagem dos dez leprosos que são curados pela fé, ao aceitarem a ordem dada por Jesus sem nenhum tipo de objeção.

Tanto na passagem do segundo livro dos Reis, quanto no evangelho narrado por Lucas, percebemos como temáticas centrais a busca pela cura e o nem sempre agradecimento para com Àquele que nos concedeu o direito de voltarmos à pureza. Será que somos capazes de agradecer a Deus em nossas orações pessoais, pelas graças obtidas no dia, como fez o leproso samaritano, prostrando-se diante de Jesus e o glorificando em alto e bom som? Será que nos preocupamos, como ato de gratidão, em nos comprometermos a servir a um único Deus, o Deus da vida, como fez Naamã, na primeira leitura?

Infelizmente, a nossa oração é demasiadamente imatura, permeada de vaidades e desejos primários, que nos coloca como Deus de Deus. Damos ordens ao Pai, ao invés de agradece-lo; esquecemos a receita básica de oração que o próprio Jesus nos ensina (cf Mt 6, 10). Entregar a nossa vida nas mãos do Pai, ao ponto de nos rendermos totalmente ao projeto que Ele tem para cada um de nós, é a melhor maneira de agradecermos a Ele o dom da vida; o amor incondicional que nutre pelo seu povo, e tantos outros prodígios realizados em nossas vidas.

Não podemos recorrer à Jesus apenas na intenção de obtermos a cura de nossas lepras, corporais e espirituais. É preciso ir ao encontro do Salvador despojado de todo e qualquer interesse, movido apenas pelos olhos da fé. Somente pela fé seremos capazes de caminhar firmemente em direção a Salvação, a maior de todas as curas que podemos obter.

Assim como os leprosos do Evangelho deste domingo, o primeiro passo a ser dado pela fé é reconhecer que Jesus é o nosso mestre, único e verdadeiro Rei. Desta maneira, agiu o grupo de dez leprosos: Pararam a distância e gritaram: “Jesus, mestre, tem compaixão de nós” (cf Lc 17, 12b). O segundo passo é reconhecer a autoridade de Jesus sobre as nossas vidas. Os leprosos eram vistos como seres impuros e por isso não podiam viver dentro do prisma social. Como na época não existiam médicos, cabia à figura do sacerdote o atestar da cura dos cidadãos portadores de doenças, castigos de Deus como afirmavam os judeus, a fim de reinseri-los no contexto social. Entretanto, mesmo vivendo nessa conjuntura, os leprosos não apresentaram objeções à ordem dada por Jesus, que os mandou se apresentarem ao sacerdote. Sim, eles caminharam rumo ao templo, movidos pela certeza de que basta Jesus querer a realização do milagre para este acontecer em plenitude. Pedindo com fé, a graça nos é dada, no tempo divino.

O terceiro passo a ser dado na fé é tomar consciência de que Jesus acolhe a todos, sem distinção de etnias, cor e sexo. Ele está de braços abertos a espera da abertura de nossos corações para que Ele possa agir. Se não fosse o olhar misericordioso de Cristo e o amor transbordante por cada um de seus Irmãos, Ele como judeu, sequer chegaria perto de um samaritano (cj Jo 4, 9), ainda mais portador de lepra. Reconhecendo tal misericórdia, o único samaritano do grupo dos dez leprosos, foi também o único a voltar antes mesmo de se apresentar ao sacerdote. A atitude do samaritano se deu desta maneira, certamente, por ter entendido que se basear apenas pela lei não dá garantia de ser justificado em Cristo e por Cristo (cf Gl 3, 11). Os outros nove, ainda que curados por Jesus, preferiram voltar os olhos apenas para o cumprimento da lei e ficaram no templo.

Experiência similar teve Naamã, general do exército do rei da Síria. Naamã era um homem valente, porém leproso (cf II Rs 5, 1b), o bastante para ser considerado impuro. Porém, mais do que a lepra corporal, Naamã sofria com a espiritual. Por deter o título de general, Naamã achava que deveria ser atentido pessoalmente pelo profeta Elizeu. Ora, se sobrou fé no leproso samaritano, faltou em Naamã, pois o sírio só reconheceu a autoridade do profeta, instrumento de Deus para levar os homens a salvação, quando sentiu a sua pele pura como a de uma criancinha: Agora estou convencido de que não há outro Deus em toda a terra (cf II Rs 5, 15b). Faltou fé ao general...

Ter fé é exatamente o contrário do que fez Naamã: é acreditar no impossível aos olhos humanos; é caminhar pelas estradas da vida certos de que nenhuma tribulação será capaz de nos derrubar, pois o senhorio de minha existência está nas mãos de Jesus; é testemunhar com a vida que somente o Senhor nos leva a experimentar a salvação e que somente por Ele somos capazes de enfrentar as chamas da injustiça sem deixar de louva-lo e glorifica-lo (cf Dn 3, 24), pois aquele é convicto tem fé é convicto de que reinaremos se com ele ficarmos firmes (cf II Tm 2, 11b).
Leituras: II Rs 5, 14-17; Sl 97 (98); II Tm 2, 8-13; Lc 17, 11-19
Escrito por: Michaell Grillo

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